domingo, 23 de setembro de 2012

Recolhendo as âncoras


Apesar de ser um longo e adormecido sonho, tudo aconteceu muito rápido. Eu sempre gostei de viajar. Mas a forma convencional nunca me agradou. Eu sempre achei que ficar na mesma cidade durante 335 dias e sair 30 dias para viajar era uma ideia muito estranha. Esse cálculo nunca me foi coerente. Eu sempre quis viajar mais e mais. Uma vez conheci um site chamado Exile Life Style, de um rapaz chamado Colin Wright. Um artista digital, designer gráfico que trabalha por conta própria usando o computador, a internet e a criatividade com ferramentas. Dessa forma ele largou tudo e iniciou uma viagem por vários países de ônibus e avião. Ele ficava em hotéis, albergues e alugava casas por períodos se mantendo trabalhando como designer através da internet.

Eu lia essa história com uma certa inveja grande admiração, pois eu não tenho um trabalho que me proporciona isso ou muito menos tenho alguma habilidade que me possibilite ter um emprego itinerante ou remoto. Isso sempre foi um balde de água fria nos meus sonhos.

No ano de 2010 quando eu morava em Campinas-SP eu cogitava entrar na aviação civil, estava me informando sobre cursos preparatório para comissário de bordo e de piloto só para viajar e trabalhar ao mesmo tempo. Quando um currículo meu, perdido, caiu em Curitiba e eu topei mudar para trabalhar.
Em Curitiba eu resgatei um hábito adormecido que eu não utilizava mais após ter deixado Brasília: a bicicleta como meio de transporte. Um grande amigo paranaense chamado Divo me apresentou o esporte de escalada e também me apresentou o cicloturismo através do livro No guidão da libedade, de Antonio Olinto. A escalada me ensinou a compreender natureza, ter determinação e, principalmente, enfrentar meus medos.

Uma vez, em minha casa, eu hospedei 3 franceses durante 4 dias que viajavam (e continuam viajando até o momento) por todo o mundo de bici. Eles eram muito organizados, tinham estrutura e patrocínios para sua expedição. Foi como ver alguém realizando o meu próprio sonho. Entretanto, eu sabia que eu nunca conseguiria um patrocínio como eles e isso me ainda me desestimulava.

Em 2011 em Curitiba, depois de comparecer na bicicletada do dia mundial sem automóvel, o Divo me convidou para irmos à um cafeteria onde um amigo dele que viajou durante 1 ano pela América do sul estaria lançando um livro chamado TrilhandoSonhos, esse amigo se chama Thiago Fantinati e em um curto bate papo com o ele, eu não me esqueço de uma pergunta que fiz: “Thiago, o que fazer para recomeçar, voltar para a cidade com uma mão na frente e outra atrás?” Ele me respondeu que difícil não é acabar a aventura e recomeçar, mas sim largar tudo para começar a aventura.
Aquilo fez muito sentido para mim. Eu já tinha passado vários anos sempre reprimindo esse sonho e aquilo foi como uma ignição pra mim. Logo após eu comecei a planejar, estudar o que era necessário e cheguei a conclusão que eu precisava muito mais do que uma bicicleta, conhecimento e uma barraca. Eu precisava largar minha família, meus amigos, minha casa, meu trabalho, meus passa tempos e certos confortos.


Eu achava que o processo de desapego seria simples: sair do trabalho, entregar o apartamento, fazer uma festa de despedida e pronto. Como um navio recolhendo a âncora para sua navegação debutante, com as pessoas quebrando garrafas de champagne no casco fazendo festa, as esposas cada uma com o seu próprio lencinho enxugando as lágrimas!! Porém negativo, foi tudo (e está sendo) um processo complexo e demorado. Fiz um bazar, doei várias coisas, vendi outras, a mudança foi complicada, tive que testar os equipamentos para ver se estavam adequados a viagem, tive que tomar vacina, fazer procuração, encerrar contrato do apartamento antigo, fechar contas bancárias e outras coisas. Mas felizmente, parece que tudo soprou e está soprando a meu favor.


A viagem nem começou e eu já estou viajando.

2 comentários:

Gabriel de Leão disse...

Amigo, se tiver tempo dê uma olhada neste blog: http://universodosviajantes.com

Por enquanto está fora do ar por problemas técnicos, ele é escrito por http://www.facebook.com/eduardo.junqueira.733 , um viajante.

Lili disse...

Pedro, estou na torcida para que o sonho se realize da melhor forma possível.
Esto muito feliz por ti. Que história linda que você tem.
Beijos
Lili