Apesar de ser um longo e adormecido sonho, tudo
aconteceu muito rápido. Eu sempre gostei de viajar. Mas a forma
convencional nunca me agradou. Eu sempre achei que ficar na mesma
cidade durante 335 dias e sair 30 dias para viajar era uma ideia
muito estranha. Esse cálculo nunca me foi coerente. Eu sempre quis
viajar mais e mais. Uma vez conheci um site chamado Exile Life Style, de um rapaz chamado Colin Wright. Um artista digital, designer
gráfico que trabalha por conta própria usando o computador, a
internet e a criatividade com ferramentas. Dessa forma ele largou
tudo e iniciou uma viagem por vários países de ônibus e avião.
Ele ficava em hotéis, albergues e alugava casas por períodos se
mantendo trabalhando como designer através da internet.
Eu lia essa história com uma certa
inveja grande admiração, pois eu não tenho
um trabalho que me proporciona isso ou muito menos tenho alguma
habilidade que me possibilite ter um emprego itinerante ou remoto.
Isso sempre foi um balde de água fria nos meus sonhos.
No ano de 2010 quando eu morava em Campinas-SP eu cogitava entrar na aviação civil, estava me informando sobre cursos preparatório para comissário de bordo e de piloto só para viajar e trabalhar ao mesmo tempo. Quando um currículo meu, perdido, caiu em Curitiba e eu topei mudar para trabalhar.
Em Curitiba eu resgatei um hábito adormecido que
eu não utilizava mais após ter deixado Brasília: a bicicleta como
meio de transporte. Um grande amigo paranaense chamado Divo me
apresentou o esporte de escalada e também me apresentou o
cicloturismo através do livro No guidão da libedade, de Antonio
Olinto. A escalada me ensinou a compreender natureza, ter
determinação e, principalmente, enfrentar meus medos.
Uma vez, em minha casa, eu hospedei 3 franceses
durante 4 dias que viajavam (e continuam viajando até o momento) por
todo o mundo de bici. Eles eram muito organizados, tinham estrutura e
patrocínios para sua expedição. Foi como ver alguém realizando o
meu próprio sonho. Entretanto, eu sabia que eu nunca conseguiria um
patrocínio como eles e isso me ainda me desestimulava.
Em 2011 em Curitiba, depois de comparecer na
bicicletada do dia mundial sem automóvel, o Divo me convidou para
irmos à um cafeteria onde um amigo dele que viajou durante 1 ano
pela América do sul estaria lançando um livro chamado TrilhandoSonhos, esse amigo se chama Thiago Fantinati e em um curto
bate papo com o ele, eu não me esqueço de uma pergunta que fiz:
“Thiago, o que fazer para recomeçar, voltar para a cidade com uma
mão na frente e outra atrás?” Ele me respondeu que difícil não
é acabar a aventura e recomeçar, mas sim largar tudo para começar
a aventura.
Aquilo fez muito sentido para mim. Eu já tinha
passado vários anos sempre reprimindo esse sonho e aquilo foi como
uma ignição pra mim. Logo após eu comecei a planejar, estudar o
que era necessário e cheguei a conclusão que eu precisava muito
mais do que uma bicicleta, conhecimento e uma barraca. Eu precisava
largar minha família, meus amigos, minha casa, meu trabalho, meus
passa tempos e certos confortos.
Eu achava que o processo de desapego seria
simples: sair do trabalho, entregar o apartamento, fazer uma festa de
despedida e pronto. Como um navio recolhendo a âncora para sua
navegação debutante, com as pessoas quebrando garrafas de champagne no casco fazendo festa, as esposas cada uma com o seu próprio lencinho
enxugando as lágrimas!! Porém negativo, foi tudo (e está sendo) um
processo complexo e demorado. Fiz um bazar, doei várias coisas,
vendi outras, a mudança foi complicada, tive que testar os
equipamentos para ver se estavam adequados a viagem, tive que tomar
vacina, fazer procuração, encerrar contrato do apartamento antigo,
fechar contas bancárias e outras coisas. Mas felizmente, parece que
tudo soprou e está soprando a meu favor.
A viagem nem começou e eu já estou viajando.
2 comentários:
Amigo, se tiver tempo dê uma olhada neste blog: http://universodosviajantes.com
Por enquanto está fora do ar por problemas técnicos, ele é escrito por http://www.facebook.com/eduardo.junqueira.733 , um viajante.
Pedro, estou na torcida para que o sonho se realize da melhor forma possível.
Esto muito feliz por ti. Que história linda que você tem.
Beijos
Lili
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